terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Feliz Natal

A mãe doente pela dor de viver não via que fazia doente aquele pobre rebento. Em meio ao lixo, em meio ao mundo, no meio de todo mundo, ele brincava com algumas caixas. Cada caixam, não era uma caixa. A vermelha do caqui, era o carro, óbvio, o que mais haveria de ser... A amarelada era seu destino, usada o barulho dos carros como trilha sonora para seu filme de todo dia. De 6 as 6 precisava acompanhar a mãe. Pobre mãe, se tivesse outra opção... mas não, a gente aprende rápido a da sentido pras nossas necessidades. Ela pensava que assim ele não seria um vagabundo nem entraria pra bandidagem: trabalhar com ela de 6 as 6 desde os 6 anos de idade tinha que dar certo. Véspera de Natal e nada seria diferente, a não ser pelas madames cheias de si que mendigavam alguns centavos em cada fruta. Ela tinha que engolir e engolia. Muitomaisquederrepente um casal meio exaltado chega, abusado, pedindo um saco se seriguelas. Era seis reais. O casal não aceitava. A mãe, já não aguentava mais. eram quase 5 da tarde, ela no fundo sabia que seu filho devia brincar e não fantasiar no meio dos carros e da fumaça da feira... Não sei se foi o Natal, ou se foi o nariz escorrendo do filho e a falta de dinheiro para comprar o remédio, mas a mãe não aceitou o 5 reais que o casal oferecia com desdém. Depois da negativa o homem, do tal casal, não quis ir simplesmente embora. Quis bater boca ofender... Sabe-se lá o que passa na cabeça dessa gente, chifres, mortes, bebidas. Discussão vai, discussão vem. Aquilo já havia virado o evento do Natal da Feira: O dia que a pobre mulher das frutas resolveu gritar.
Já se passava de meia hora de discussão o homem, de um lado a mulher dele envergonhada do outro, a mãe segurando a sacola... O menino? No meio da rua, sem a supervisão da mãe, seu carro derrapou numa ladeira, e por isso ele resolveu chegar até a caixa azul do outro lado da rua... era mais uma aventura, ele em seu carro vermelho, uma ferrari, sejamos justos. A corrida estava frenética, o herói precisava chegar antes de todos para ganhar o grande prêmio. O herói escorregou na lama da rua, sem ver o carro que vinha na outra direção, no volante o casal das ebnditas seriguelas... O carro vermelho de estraçalhou na rua, o menino se estraçalhou na rua... agora já era tudo vermelho.