segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

concurso

Vários corpos espalhados em cadeiras monocromáticas, espalhadas em um salão estéril de qualquer tipo de sonho. Vários salões espalhados por uma cidade acinzentada castratadora de idéias. Cada corpo carrega em si o drama de não ser, e esse drama os uni de uma forma que espanta até o palhaço desse circo de horror. O sentimento 1que vai sendo criado a revelia do salão é uníssono: queremos ser mais. Vinha de longe, vinha de perto, vinha da esquina, vinha da favela, vinha do arranha céu... cada corpo vinha e isso era o que importava. Estavam todos em busca de luz, de energia para continuar. Um observador desatento poderia supor uma certa mediocridade num sonho tão banal, mas não, eles estavam lá para encarar o salão, a cadeira, a cidade e o observador.
Aquela semi-multidão desesperada aguardava por algo mais, alguém a mais, algum tipode milagreiro que pudesse tirá-los do limbo. Aqueles sonhos soavam tão alto no salão que o mestre de cerimônias se forçava a fazer pequenos trocadilhos para quebrar o clima de tensão, os sonhos se embalavam pelo barulho do ar condicionado. Triste sina de quem quer ser, triste sina de quem é uma negativa daquilo que sonhara ser. Não agüentei ver olhos tão marcados pela média, pelas estatísticas, pelo número que eles representavam para a grande nação.
Agüentem firmes bravos, não estou com vocês, pq vocês estão pelo mundo. Mas lhes desejo sorte para um dia entenderem que o que vocês buscam não é ser, e sim: estar.