quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A mulher tá grande, cresceu, numa casa de pai autoritário e mãe submissa, mas cresceu. Cursou as escolas mais tensas, violentas e descriminatórias para que pudesse ganhar seu emprego e dar pra quem quisesse sem ter que dar satisfações. Foi humilhada quando colocou seu primeiro biquini, amaldiçoada quando andou com a barriga da gravidez a mostra, satanizada quando se apaixonou pela sua melhor amiga, vandalizada quando resolveu correr atrás do amor, dilacerada quando não quis se casar, deserdada quando resolveu sair de casa, violentada quando quis ir andando pra casa, apedrejada quando quis amar quem seu coração mandou.
Nossa menina continuou a vencer, depois de trabalhar o dia inteiro, engravidou, a partir daí trabalhou o dia inteiro e ainda amamentou, cuidou da filha deprê por causa do primeiro namorado, salvou o filho das más companhias e cuidou do marido. O marido foi embora, ela continuou trabalhando, fazendo todo o resto e ainda tratou de cuidar da cabeça, psicologo. Cuidou do corpo, academia. Cuidou da pele, dermatologista. Esqueceu do coração, nenhum cardiologista conseguia enxergar aquela dor toda.

3 comentários:

  1. Interesssantíssimo... creio que cada um de nós podemos nos encaixar, em algum ponto, no perfil dessa mulher escorraçada pela vida...

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  2. sem palavras. simplesmente... tocante!

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