sábado, 4 de agosto de 2012

Não leia

Você caro leitor, vai se incomodar. Incomode-se, não ligo. Não escrevo para agradar, prefiro ferir. A partir das grandes feridas da alma nossos tempos são contados. A inércia benevolente nunca venceu guerras, nem pariu grandes Homens. A temperatura agradável nunca te levou a lutar por uma sombra ou a descobrir o fogo. A brisa nunca gerou heróis, já devastadores vendavais, criaram Nações... e é aí é que tá o problema. Por aqui, criamos a filosofia do bem comum, o statu quo do lenga lenga, e esse bem é bastante comum mesmo. Estagnados, procuramos sarnas inofensivas para criarmos lutas invisíveis. A vida do outro é uma grande recreação viciada. O amor é motivo de nada. As paixões foram deixadas em 64, e quem diga que não, deve ser mais um desses auto falantes broncos que ensaiam revoltas por toda uma vida. O trabalho é motivo de chacota e descrença. Estamos criando crianças de trinta anos que enchem bares nas segundas, terças, quartas, quintas... Celebram a descerebração e cultuam uma liberdade fracassada.
Aqui, a boemia enobrece minha vergonha. Estudo virou desculpa para a apatia dos jovens.Faculdade virou curral de pequenos drogados delinquentes da sanidade, exemplo maior de um circo de horror.

Sou como uma pedra , mas ao contrário dela quanto mais vivo, mais áspera fico. Tudo parece muito nítido para mim, acho que tudo queima mais em mim, mas sou feliz com isso. Em um mundo de semi-perfeições caducas, prefiro ser incômoda e imperfeita. Quero ser um cisco. Meus dias por vezes me deixam a flor da pele quando isso acontece, solto foguetes. Estarei  cada dia mais amarga para a boca desses boçais. Com o tempo quero confessar no olhar meu desprezo e revolta, sem mais nenhum grito. Quero que a voz se cale, quero as dores de cabeça, quero as secas, quero o frio mais arrebatador, o calor que queime mais.
Quero meus erros, quero não estar, meus problemas, meus vícios, minha luta, minhas feridas, todos os pedacinhos do meu coração jogados como confete na minha cara, quero a solidão assistida, quero o amargo, quero a luz mais forte.
Não vou me polir.Quero me lixar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário